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DIU Mirena na Pós-Menopausa: redução de sintomas e controle hormonal

  • julianamnovaes
  • 9 de jul. de 2024
  • 4 min de leitura

O Dispositivo Intrauterino (DIU) Mirena é conhecido principalmente por seu uso contraceptivo, mas seus benefícios vão além da prevenção da gravidez, especialmente em mulheres na pós-menopausa. Neste artigo, exploraremos como o DIU Mirena pode ser uma opção viável para mulheres após a menopausa, abordando seus efeitos, considerações importantes e eficácia.


Entendendo o DIU Mirena e o climatério:


O climatério é um período de transição na vida da mulher que marca o fim da fase reprodutiva. Ele é caracterizado por mudanças hormonais significativas que levam à menopausa, que é o momento em que cessa a menstruação de forma definitiva. Durante o climatério, os níveis de hormônios sexuais, como estrogênio e progesterona, começam a diminuir gradualmente, o que pode resultar em sintomas físicos e emocionais variados.


O tratamento do climatério visa principalmente aliviar os sintomas associados à diminuição dos hormônios sexuais, especialmente durante a perimenopausa e pós-menopausa. Existem várias abordagens para o tratamento do climatério, dependendo dos sintomas específicos e da saúde geral da mulher.


A terapia hormonal é uma das opções mais eficazes para aliviar os sintomas do climatério, especialmente os sintomas vasomotores (como ondas de calor) e sintomas genitais (como secura vaginal). Ela pode ser administrada na forma de:


  • Terapia Estrogênica: pode ser administrada via oral, transdérmica (adesivos de pele), gel ou creme vaginal. É a reposição deste hormônio que leva ao tratamento dos sintomas relacionados à pós menopausa.

  • Terapia Estrogênica com progesterona: as mulheres que ainda têm útero precisam repor o hormônio progesterona quando realizam reposição de estrogênio, pois a reposição isolada de estrogênio pode levar à hiperplasia endometrial que é uma condição na qual o revestimento interno do útero, chamado endométrio, torna-se mais espesso do que o normal.


A reposição de progesterona pode ser feita via sistêmica (oral ou transdérmica - via adesivo) ou local, via DIU Mirena. O DIU Mirena é um dispositivo em forma de T que libera continuamente uma pequena quantidade do hormônio levonorgestrel diretamente no útero. Este hormônio é uma forma sintética de progesterona, e sua liberação gradual tem múltiplos efeitos, incluindo tornar o muco cervical mais espesso, o que dificulta a passagem dos espermatozoides para o útero, além de afinar o revestimento uterino, inibindo o crescimento endometrial.


O DIU Mirena (dispositivo intrauterino liberador de levonorgestrel) tem menos efeitos colaterais sistêmicos em comparação com a progesterona sistêmica por várias razões relacionadas ao modo como o hormônio é distribuído e metabolizado no corpo:


Administração Localizada:

  • Mirena: Libera levonorgestrel diretamente no útero, onde é necessário, proporcionando uma alta concentração local do hormônio com mínima absorção sistêmica.

  • Progesterona Sistêmica: Quando administrada por via oral, transdérmica ou injetável, o hormônio é distribuído por todo o corpo, afetando diversos sistemas orgânicos.


Concentração Hormonal:

  • Mirena: A concentração de levonorgestrel no útero é alta, mas os níveis no sangue são baixos, o que reduz o risco de efeitos colaterais sistêmicos.

  • Progesterona Sistêmica: A administração sistêmica resulta em níveis hormonais mais elevados no sangue, aumentando a probabilidade de efeitos colaterais em outros órgãos e tecidos.

Metabolismo e Primeira Passagem Hepática:

  • Mirena: Como a liberação é local, o levonorgestrel não passa inicialmente pelo fígado, o que reduz os efeitos no metabolismo hepático.

  • Progesterona Sistêmica: Quando tomada por via oral, a progesterona é metabolizada pelo fígado (primeira passagem hepática), o que pode causar efeitos colaterais, náusea. Além disso, a progesterona sistêmica também pode contribuir para constipação intestinal.


Perfil de Efeitos Colaterais:

  • Mirena: Efeitos colaterais são principalmente locais (como sangramento irregular e dor pélvica) e menos comuns são os efeitos sistêmicos.

  • Progesterona Sistêmica: Pode causar efeitos colaterais sistêmicos mais frequentes, como alterações de humor, inchaço, cefaleia, sensibilidade nas mamas e outros mencionados anteriormente.

Estabilidade dos Níveis Hormonais:

  • Mirena: Proporciona uma liberação contínua e estável de hormônio, evitando flutuações hormonais significativas.

  • Progesterona Sistêmica: Pode causar variações nos níveis hormonais dependendo da forma de administração e da frequência de uso, resultando em flutuações que podem contribuir para os efeitos colaterais.


Em resumo, o DIU Mirena oferece uma forma mais localizada e controlada de administração da progesterona, resultando em menos efeitos colaterais sistêmicos em comparação com a administrada de forma sistêmica. Assim, as mulheres na perimenopausa e pós menopausa que desejam se beneficiar da terapia hormonal nesta fase da vida, podem optar pelo uso de estrogênio via transdérmico (gel ou adesivo) ou oral + uso de progesterona via DIU Mirena - caso tenham útero.


Durante a consulta todas as possibilidades de reposição hormonal no climatério serão abordadas para que cheguemos em conjunto na melhor opção para você!


Referências Bibiliográficas:


Artigos e revisões científicas:

  • Felicia H. Stewart, MD, et al., “Levonorgestrel-releasing Intrauterine System and Endometrial Pathology,” Obstetrics & Gynecology, vol. 95, no. 3, 2000, pp. 497-503.

  • Trussell J, et al., “Contraceptive efficacy of the levonorgestrel intrauterine system: A systematic review,” Contraception, vol. 75, no. 6, 2007, pp. 442-450.



Diretrizes médicas:

  • American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG). “Practice Bulletin No. 186: Long-Acting Reversible Contraception: Implants and Intrauterine Devices.” Obstetrics & Gynecology, vol. 130, no. 5, 2017, pp. e251-e269.

  • North American Menopause Society (NAMS). “The 2022 Hormone Therapy Position Statement of The North American Menopause Society,” Menopause, vol. 29, no. 7, 2022, pp. 1016-1043.


 
 
 

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